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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Incidência de quedas de idosos se relaciona ao medo de cair


Uma pesquisa realizada com participação da USP mostra que quanto maior o medo de cair do idoso, maiores são as chances de haver queda. “Dentre os motivos que contribuem para que idosos se sintam inseguros estão o raciocínio mais lento e menos percepção do ambiente, logo, eles têm mais medo de cair e o risco de queda aumenta”, explica a fisioterapeuta Mariana Callil Voos, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP)

O estudo, realizado por meio de uma parceria entre a FMUSP e a Universidade Gama Filho (UGF), do Rio de Janeiro, é fruto do trabalho de especialização de Elaine Bazílio Custódio e Joel Malaquias Junior, alunos de curso de pós-graduação da UGF. O trabalho se baseou em testes feitos com 38 idosos com idades a partir de 60 anos de idade. Os testes visaram relacionar o raciocínio e a percepção espacial com as respostas motoras
Mariana diz que, com a idade, as pessoas sofrem perda da memória recente, e isso tem vínculos com o que chama de função executiva e percepção espacial: “Função executiva é a capacidade de a pessoa de resolver problemas, de responder adequadamente às demandas do ambiente em que está situado”.

Já a percepção espacial, a fisioterapeuta explica que envolve o deslocamento da pessoa em um espaço e as repostas que dão às adversidades que aparecem nele. As duas funções operam diretamente com as respostas do corpo. Com os idosos, aqueles que se sentem inseguros têm mais dificuldade no controle do corpo por apresentarem deficiências na função executiva e na percepção espacial.

Antes dos testes, questionaram os idosos se eles sentiam freqüentemente medo de queda enquanto faziam as diferentes atividades do dia-a-dia. Segundo Mariana, apesar da subjetividade do método, visto que os idosos poderiam minimizar suas dificuldades funcionais na declaração, os testes serviram para confirmar ou contestar as respostas deles. Aqueles que disseram se sentir inseguros apresentaram pior desempenho nos testes.

Testes
Do total, foram três testes, nos quais os idosos tiveram que executar diferentes tarefas. O chamado teste de trilhas se dividiu em duas partes. Na primeira, foi usada uma folha de papel contendo círculos numerados de 1 a 25, dispostos em ordem aleatória. O idoso tinha que ligar os círculos, riscando o papel com um lápis. Este teste avalia a habilidade de escaneamento visual, seqüenciamento e velocidade de raciocínio.

No segunda parte, além de círculos com números, havia também círculos com letras na folha de papel. A tarefa consistiu em ligar números de 1 a 12, alternados com letras de A a M (exemplo: 1, A, 2, B etc.). Esse teste avalia a flexibilidade mental e memória operacional, que armazena uma ou mais informações momentaneamente para a realização de uma atividade.

Por último, os idosos tiveram que executar o teste de cancelamento de estrelas. Nele, 52 estrelas desenhadas em folhas eram distribuídas de maneira uniforme e o idoso devia riscar as pequenas, ignorando as grandes. O teste analisou a percepção espacial dos idosos.

Conclusões
Para se chegar nos resultados da pesquisa, foram testadas correlações entre o tempo que os idosos executavam cada tarefa de raciocínio(teste de trilhas e teste de cancelamento de estrelas) com a Escala de Equilíbrio de Berg (EEB), que mede o equilíbrio estático e dinâmico em atividades tais como alcançar um objeto, girar o corpo, transferir-se a outro local, permanecer em pé e levantar-se. Ao se fazer essa comparação, foi constatado que quanto menor o tempo em que o idoso realizava a tarefa de raciocínio, maior era a pontuação na EEB, portanto, melhor era o seu equilíbrio.

Além disso, foram testadas correlações entre as tarefas de raciocínio e a chamada Escala de Risco de Queda. Esta é a que mede o medo de cair durante a realização de atividades diárias, que consistiu em dezesseis perguntas destinadas, cuja reposta dos idosos variavam numa pontuação de 1 (não estou preocupado) a 4 (estou muito preocupado). Ao relacionar as duas escalas, se chegou à conclusão de que quanto maior a preocupação de queda do idoso, menor era sua pontuação na EEB, portanto, menor era seu equilíbrio.

Mariana destaca que uma das particularidades da pesquisa se deve à preocupação em se relacionar o raciocínio com as atividades motoras (do corpo): “Geralmente, quando avaliam o idoso, ou só vêem a parte motora ou somente a parte intelectual. Esse estudo acrescenta essa nova forma de ver a deficiência do idoso como uma deficiência conjunta. A perda de memória e a falta de atenção são perdas que acontecem simultaneamente com as incapacidades motoras”.


Fonte: Agência USP de Notícias

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