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terça-feira, 9 de março de 2010

Câncer que matou o ator Dener Pacheco é raro em jovens


Tumores no estômago e pulmão tiraram vida do artista; médicos explicam possíveis causas.

A morte repentina do ator Dener Pacheco, aos 28 anos, em decorrência de um câncer no estômago e no pulmão, no último sábado (6), é um caso raro entre os jovens, segundo os médicos consultados pelo o R7. Dener era aparentemente saudável. Mas as repetidas dores de estômago que sentia, niveladas por muitos antiácidos, esconderam dele mesmo o pior.

Segundo pessoas próximas do ator entrevistadas pelo R7, Dener sofria com dores muito fortes na região há pelo menos um ano, mas não optou por tratá-las com ajuda especializada e nem mesmo consultar amigos. Ele sabia que tinha algo de errado, mas deixou piorar. Dener então participava da novela Caras e Bocas, da TV Globo, e fazia sucesso. Os olhos claros e a boca carnuda lhe deram o apelido de "Robert Pattinson brasileiro" dada a semelhança com o astro de Crepúsculo.

Para o cirurgião oncológico Luiz Augusto Maltoni, coordenador geral técnico-científico do Inca (Instituto Nacional de Câncer), a doença que matou Dener "não segue o comportamento biológico básico dessa faixa etária". Isso porque, segundo o médico, é muito raro uma pessoa ter dois tumores localizados em órgãos diferentes sem que seja por processo de metástase (divisão celular) que atinge diferentes órgãos. E, caso comprovada a metástase a partir de um tumor cancerígeno no estômago, estas células doentes atingiriam primeiro o abdome e o fígado antes de chegar ao pulmão, em um caminho natural da doença.

Caso atípico

Essas peculiaridades, aliadas à juventude do ator, fazem sua morte um caso "atípico" nas palavras do oncologista.

- Quando a gente fala de câncer de estômago, a gente pode falar de uma série de linhagens, apesar de a mais comum ser o adenocarcinoma (tumor em algum ponto da mucosa do estômago), em 95% dos casos. Mas existem outros menos frequentes com comportamento biológico diferente, que são tipos de tumor raros, inclusive no estômago e de metástase no pulmão.

Em termos de incidência, o câncer de estômago é o quinto mais frequente no Brasil, perdendo apenas para o de próstata, mama, pulmão e colorretal. No homens ele ainda é mais comum, o terceiro tipo de câncer, perdendo apenas para próstata e pulmão, segundo dados do Inca.

Como qualquer tipo de câncer, o tumor no estômago não aparece por uma causa definida, mas ainda segundo Maltoni a infecção pela Helicobacter pylori (bactéria que sobrevive aos ácidos estomacais), a mesma da gastrite e da gastrenterite, é um fator de risco para o câncer de estômago. Em populações que têm alto risco de infestação pela bactéria, geralmente países pobres, o risco aumenta em até seis vezes, de acordo com o cirurgião.

Alimentação influi

A alimentação pode também ser um sério fator de risco a longo prazo, segundo o oncologista especialista em câncer de estômago e esôfago Fernando Herdella, da Escola Paulista de Medicina. A má refrigeração da comida ou a ingestão excessiva de alimentos embutidos ou deixados em salmoura, típico de países nórdicos e orientais, são grandes fontes de bactérias que formam as substâncias formadoras do câncer. Se não for tratada com antibióticos, pode lesar a área com um tumor.

Além disso, histórico de casos de câncer de estômago na família e o tabagismo também são fatores de risco, diz Herdella.

– O que não quer dizer que se a pessoa comer um salame uma vez por mês ela terá câncer. Isso é muito raro.

Portanto, vale como medida de precaução melhorar a dieta com variação de frutas e legumes, conservar melhor os alimentos, não fumar e diminuir a ingestão de álcool, principalmente se você tiver infectado com a bactéria. Se a pessoa souber que tem a bactéria e não tratá-la, pode dar espaço adequado para a instalação de um tumor a longo prazo.

E, mesmo com todos estes cuidados, não há garantia de se ver livre da doença ou negligenciá-la. De acordo com Herdella, seus sintomas são semelhantes à queimação e dores no "pé" do estômago, talvez mais fortes dependendo do grau da doença. No caso de jovens, fica ainda mais difícil de detectar, pois a maioria deles não se preocupa em "achar doenças" em si. Com isso, o diagnóstico tardio torna-se um grande vilão e um atalho para morte.

Câncer em jovem é mais agressivo

Mesmo sendo mais comum em adultos, o câncer de estômago, assim como outras doenças do aparelho gastrointestinal, pode atingir os jovens e tende a fazê-lo de forma mais agressiva, de acordo com o oncologista do hospital Sírio Libanês e presidente do Tucca (Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer), Sidnei Epelman.

- O câncer de pulmão e estômago não é tão comum nessa idade, mas o câncer pode acontecer dos 0 a 70 anos com qualquer pessoa. No caso do jovem, a histologia do crescimento é diferente porque se multiplica e evolui rapidamente se não for tratado.

Portanto, segundo Epelman, a qualquer sintoma recorrente de dor de estômago, queimação, gastrite e sangramento é importante fazer um exame de endoscopia. Ele é único capaz de detectar qualquer tumor no estômago. Se encontrado, dependendo do caso, pode ser retirado por meio de cirurgia, quimioterapia e, em casos mais agressivos, com radioterapia.

Fonte: R7

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