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segunda-feira, 29 de março de 2010

Danos acústicos: até que ponto a poluição sonora promove a perda auditiva?


A poluição sonora é uma realidade no estilo de vida moderno, especialmente nas grandes cidades. Ela ocorre quando o som altera a condição normal de audição num determinado ambiente. Embora ela não se acumule no ambiente, como outros agentes poluentes, ela pode causar vários danos à audição, à qualidade de vida e bem-estar das pessoas.

"O ruído é o que mais colabora para a existência da poluição sonora e é provocado pelo som excessivo das ruas e avenidas, canteiros de obras, meios de transporte, áreas de recreação, por exemplo. Estes sons promovem desarmonia e provocam efeitos negativos para o sistema auditivo das pessoas, além de provocar alterações comportamentais e orgânicas", revela Dr. Julio Miranda Gil (CRM-SP 112.071), Otorrinolaringologista, especialista em cirurgia plástica facial, Membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial (ABORL-CCF) e Médico Colaborador do Grupo de Cirurgia Plástica Facial do Hospital das Clínicas.

Para entender mais como o uso freqüente de fones de ouvido com altura inadequada, ambientes de baladas e outros fatores externos podem influenciar na perda auditiva, entrevistamos o Dr. Julio Gil que relata como se prevenir contra os danos acústicos. Acompanhe.

1- A população urbana está em constante exposição a barulhos ou ruídos, seja no ambiente de trabalho, nas ruas, ou, até mesmo, em ambientes de lazer. Como esta poluição sonora pode causar traumas auditivos?

Os traumas auditivos, ou ainda, as perdas auditivas induzidas por níveis de pressão sonora elevados, sempre foram considerados doenças ocupacionais que surgem durante um emprego que o trabalhador não usa o equipamento de proteção adequado. Mas, o que se vê hoje em dia, é muito barulho causado pelo trânsito e por diversas atividades de lazer como ouvir música com som muito alto e fones de ouvido ou ainda frequentar discotecas. Estes dois fatores somados são a segunda causa mais comum de perda auditiva, com 30% dos casos [*].

[*] Fonte: Sociedade Brasileira de Otologia - www.sbotologia.com.br)

2- Como se prevenir em situações de pressão sonora elevada?

A prevenção começa a partir do conhecimento de que a perda auditiva está relacionada com o volume do barulho e o tempo de exposição. Então, se a pessoa está em uma discoteca, onde o volume da música e dos ruídos podem chegar a 100dB (decibéis), especialmente próximo às caixas de som, ela deve procurar ir para uma área externa ou mais calma por cerca de 15 minutos para o sistema auditivo se reparar. Isso vale também para situações de trânsito, em que os barulhos podem chegar até 105 decibéis. Quem trabalha próximo a pontos de ônibus ou ruas movimentadas, por exemplo, deve fazer uso de abafadores de ouvido. Aqueles que estão só de passagem devem procurar ficar nesse ambiente por, no máximo, 1 hora.

3- Como fica a saúde auditiva quando um indivíduo usa frequentemente fone de ouvido com um som acima do permitido?

Perto de 5% das perdas auditivas são creditadas ao uso de MP3 ou outros aparelhos eletrônicos. Assim como o trabalhador exposto a um ruído em uma metalúrgica, o paciente que usa o fone de ouvido por tempo prolongado e com volume alto pode desenvolver perda auditiva. Por isso, a orientação é que o volume do fone de ouvido deva ser ajustado em um ambiente silencioso. Conforme a pessoa vai a rua ou a algum lugar com ruído externo, o volume deste som NÃO deve ser aumentado, o mesmo valendo para quando se escuta música dentro do carro. O ideal é ajustar o volume sempre no silêncio e não ir aumentando conforme se aproxima do trânsito com a janela aberta. Se o som do fone de ouvido é percebido por alguém a mais de 1 metro de distância, é sinal que está muito alto. Opte sempre pelos aparelhos mais modernos que possuem limitador de volume e, mesmo assim, acerte o volume para 60% do limite do aparelho, no máximo.

4- Qual o nível de decibéis permitido para o ouvido?

Os limites de tolerância para ruído ou barulho variam de acordo com a intensidade (volume) e o tempo de exposição, sendo que esta começa a ser lesiva a partir de 85dB. Por exemplo, a 85dB o indivíduo pode permanecer até 8 horas neste volume, a 90dB, 4 horas, 100dB 1 hora, 110dB por 15 minutos e 115dB por 7 minutos.

5- Uma pessoa exposta constantemente a ruídos chega a ter algum tipo de perda auditiva? Em que grau?

A perda auditiva pode permanecer e tende a ser maior quanto mais tempo a pessoa é exposta. A perda costuma ser neurossensorial, ou seja, acomete o nervo auditivo, é irreversível e pode ser de leve a moderada, com perda de até 40% da audição.

6- Uma pessoa que tem por hábito falar num tom alto pode ter predisposição a ter perda auditiva?

Toda pessoa que fala em um tom alto deve ser submetida a uma audiometria, embora na maioria dos casos é um costume individual ou familiar, como o de ouvir música e televisão muito alto.

7- Quais os principais fatores envolvidos com a perda auditiva?

Existe a exposição ao ruído e a predisposição individual, sendo que se sabe que o paciente branco é mais susceptível que o negro e, principalmente, os com olhos azuis.

8- Como é realizado o diagnóstico de perda auditiva?

Deve ser realizada em consulta médica, onde se faz exame físico específico dos ouvidos e após um exame audiométrico.

9- É possível reverter um quadro onde o paciente apresenta algum trauma auditivo?

Se o trauma for agudo existem algumas medicações possíveis, porém se for crônico é irreversível.

Fonte: Abn News

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